O menino que não chorava

Era uma vez um menino que vivia em Chorão, também conhecido como Choddnnem ou Chodan. Chorão é uma ilha ao longo do rio Mandovi perto de Ilhas de Goa, Índia.  O menino indiano vivia em condições difíceis. O pai era encantador de serpentes. A mãe tinha falecido quando ele nascera. Ele vivia somente com o pai. Não tinha irmãs ou irmãos.

Um dia perguntou ao Pai como era a mãe. E o pai dizia com saudade que a mãe era linda. Tinha um sorriso tímido. Uns olhos cor de avelã. E andava sempre com uma Tatuagem de Henna que para o povo indiano esta é uma forma de enfeitar o corpo como forma de espantar as más-vibrações e trazer sorte. A tinta usada é 100% natural, vinda de uma pequena árvore onde o extrato de corante é removido e usado para tingir os tecidos, a pele, ou o cabelo. Mas ironia do destino, quis a Tatuagem de Henna não dar sorte à família e a mãe do menino tinha falecido.

O menino Karambir, era esse o seu nome, não conseguia ir à escola e ia para o mercado vender artigos diversos para ajudar o pai. O Karambir era desenrascado e vendia tudo o que lhe aparecia à frente.

Um dia o Karambir perguntou ao pai porque é que ele nunca chorava. Não era suposto estar no Chorão e chorar como as outras pessoas.

Ao que o pai disse: tu passas dificuldades por isso é que não choras. Se fosses viver em países desenvolvidos onde não se passa dificuldades, talvez chorasses mais. O choro é típico de menino branco como dizia o pai.

Mas o menino queria chorar pelo menos uma vez. Nem a morte da mãe de forma precoce o fazia chorar. Talvez porque não a tinha conhecido.

Mas um dia um amigo sugeriu-lhe arranjar uma cebola. Se querias chorar como menino branco como dizia o pai, o melhor que ele tinha de fazer era arranjar uma cebola.

O menino Karambir que tinha bens alimentares para troca, foi ao mercado trocar alimentos que tinha por cebolas. No mercado a Senhora que trocou os alimentos que ele tinha até perguntou se ele ia fazer Onion Bhaji. Ao que ele respondeu que era para chorar. A senhora do Mercado riu-se.

O menino Karambir chegou a casa e pegou numa faca e começou a descascar uma cebola. Só que a cebola não lhe fazia chorar. Ele achou estranho. O que lhe acontecia realmente é que ele ria que nem perdido.

Quando contou ao pai, o pai disse-lhe: “Ainda bem que ris quando cortas a cebola, filho. É sinal de que és Feliz!”. O menino que não chorava nem com uma cebola, lá se contentou com esse facto. Pelo menos tinha uma certeza que lhe dizia o pai. Era Feliz!