Em 1992, não se podia afastar muito de Luanda por causa da Guerra. No entanto, havia algumas praias que ficavam a norte e a sul de Luanda que podiam ser apreciadas, contempladas e visitadas.
Uma delas era Cabo Ledo que fica na província do Bengo e que fica a cerca de 120 quilómetros para sul da capital de Luanda, a 1h42 minutos de Luanda, e integra agora o Parque Nacional de Kissama.

Na altura, seguíamos em dois jipes: um Mercedes e um Toyota de amigos portugueses.
Inicialmente, verificámos que havia um local com água, uma espécie de lago, e pensámos que poderia ser difícil passar.
No entanto, assistimos a um Suzuki Vitara a passar pelo local de forma fácil e eu exclamei que aquele local por onde o Vitara tinha passado podia ser um trajeto fácil de se fazer.
No entanto, não foi verdade. O Mercedes onde eu e os meus pais seguíamos devido ao seu peso não passava e tinha ficado atascado.
Metemos tapetes, restos de paus e madeira até que o jipe avançava aos poucos, mas sempre enterrado no lodo que antecedia ao lago.
Entretanto, uns franceses que estavam na praia, tentaram ajudar a tirar o Mercedes do lodo.
Tentou-se também com o Toyota tirar o jipe Mercedes do lodo. Resultado: o Toyota tinha ficado atascado, também, mas no Lago.
Se um já era difícil, outro então tornara-se missão impossível. Até que os franceses que estavam na praia resolveram trazer um jipe e tentaram tirar o Toyota que tinha ficado à margem do Lago.
Entretanto, os mais pequenos (incluindo eu) e as mulheres da viagem tinham ido para a praia comer qualquer coisa porque o tempo passava e quase não dava tempo de aproveitar a praia.
Os homens da viagem tinham ficado junto dos jipes a tentar arranjar uma solução para tirar os jipes.
Foi tentado de tudo. Até troncos de árvores foram utilizados. Mas lá se conseguiu tirar os dois jipes do lugar com outros jipes a puxar e troncos de árvores a ajudar. Praia pouco se aproveitou.
Uma semana depois de termos estado na praia, uns portugueses viriam a ser assassinados, tendo sido transmitido nas televisões, incluindo na RTP. Felizmente, correu tudo bem, mas ainda hoje imagino que poderíamos ter sido nós, se tivéssemos lá ficado.